No dia 23 de janeiro, o esporte paraolímpico brasileiro perdeu um de seus maiores apoiadores, Celso Lima, que faleceu em decorrência da Covid-19. Considerado um dos pioneiros na luta em prol do paradesporto no País, o ex-atleta de basquetebol e tênis em cadeira de rodas deixa um legado histórico de conquistas, além de muita saudade para os amigos. Militar reformado, Celso ficou paraplégico em um acidente que mudou sua vida, mal sabendo que ele também impactaria a vida de muitas pessoas com deficiência e o paradesporto brasileiro
Celso Lima carregou a tocha olímpica em 2017
“Nos conhecemos em 1974, pude acompanhar de perto a luta dele para garantir o reconhecimento da modalidade de basquetebol em cadeira de rodas. Ele era o tipo de pessoa que não desistia, corria atrás dos seus objetivos e fazia acontecer. Tive o prazer de jogar ao lado dele e de participar de diversas competições, como os Jogos Paralímpicos de Stoke Mandeville, onde conquistamos a primeira medalha de ouro brasileira na modalidade em uma competição mundial”, comenta Roberto Silva Ramos, amigo e ex-companheiro de equipe.
Além da paixão pelo basquetebol, Celso, juntamente com Dr. José Carlos de Moraes, também foi um dos pioneiros no tênis de quadra em cadeira de rodas, que até então não era reconhecido no Brasil. “Ele foi um homem de muita garra durante toda a sua vida. Não se deixava abater e nos inspirava. Ele lutou muito e foi um dos responsáveis pelo esporte paralímpico da forma que conhecemos hoje. Ao lado de outras pessoas, ele precisou superar muitas barreiras e lutar muito para que os atletas paraolímpicos pudessem ter melhores condições de treino no Brasil”, diz Roberto.
Mas não era apenas dentro das quadras que Celso dava show, ele também possuía uma aptidão musical de dar inveja. Tocava guitarra, cantava e ao lado de sua banda se apresentava em clubes e confraternizações com amigos. “Ele tocava guitarra como ninguém. Era lindo de se ver e ouvir! Ele conseguia integrar todo mundo, mesmo pessoas de diferentes grupos. Quando ele chegava no Clube com seu chevette vinho, todos paravam para olhar. Ele tinha presença e nunca passava despercebido”, brinca o amigo.
Celso fez ainda parte da diretoria da Associação Nacional de Desporto para Deficientes – ANDE e foi um dos responsáveis pela criação da Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas – ABRADECAR. Seu legado de conquistas não passou em branco e Celso foi reconhecido e homenageado nos Jogos Parapan-Americanos no Rio de Janeiro, em 2007, quando foi convidado para carregar a tocha olímpica.
Em nome do Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos – CBCP, o presidente da entidade, João Batista Carvalho e Silva registra suas condolências. “Lamentamos profundamente essa mais essa perda do esporte paraolímpico brasileiro. Celso deixou sua marca como um excelente atleta, dirigente esportivo e ser humano que lutava sempre pelo desenvolvimento social e esportivo das pessoas com deficiência. Ele se foi e a saudade fica, mas me sinto honrado de poder tê-lo conhecido e lutado ao seu lado. Com certeza ele impactou a vida de muitas pessoas e deixa um legado muito importante. Aos seus familiares e amigos deixamos nossos sentimentos e desejo força para que possam enfrentar esse momento tão doloroso”.