O Campeonato Paulista de Basquete em Cadeira de Rodas terá um importante confronto neste sábado (27). Às 12h, GADECAMP e ADD/Magic Hands, duas entidades fundadoras do CBCP entram em quadra, no ginásio do Instituto Padre Haroldo, em Campinas.

Além de se destacarem no alto rendimento do esporte adaptado, as duas equipes são também referência quando o assunto é formação de atletas, figurando entre as principais entidades de iniciação paradesportiva do país.

“A GADECAMP, hoje, tem mais de 20 anos de atuação. E a gente sempre trabalhou com a ideia de formação de atletas, de ter a base da equipe adulta com atletas formados em casa, e oriundos da região de Campinas”, explicou o treinador e coordenador técnico da GADECAMP, Mauro Furtado.

A equipe do interior paulista recebe crianças a partir dos 4 anos, até adultos, que conhecem mais tarde o paradesporto. E divide o trabalho entre iniciação, para aqueles que estão no primeiro contato com o esporte, e desenvolvimento, para os que já possuem maior familiaridade com as atividades e buscam o alto rendimento.

“Hoje a gente trabalha fazendo divulgação em escolas. Mesmo que não tenha pessoas com deficiência na sala de aula, é importante pois muito da nossa divulgação é no boca a boca. E também tem o contato institucional com as casas de reabilitação”, contou Furtado. “Da escola para esporte e da reabilitação para o esporte, é um caminho natural”, completou.

Já a Associação Desportiva para Deficientes – ADD, responsável pela equipe Magic Hands, de São Paulo, possui um programa de iniciação ao esporte adaptado, no qual pode atender até 270 crianças, a partir dos 6 anos de idade. Conforme informado no site da instituição, o objetivo é o desenvolvimento integral da criança e do adolescente, estimulando a independência e autonomia. A partir deste amplo atendimento, as crianças que se destacam são incentivadas a desenvolverem seus talentos no paradesporto.

Deste trabalho surgem talentos que abastecem as equipes de alto rendimento e até a Seleção Brasileira. É caso do atleta Serginho, de 18 anos, que desde os 8 anos faz parte da ADD e hoje se destaca na equipe Magic Hands. O jovem talento também faz parte da Seleção Brasileira Sub-23, que disputa o Mundial da categoria em setembro. Além de Serginho, outros dois atletas também saíram do programa de iniciação da ADD para a seleção brasileira: Carlos Miada e Pedro Vitor.

Michael Braga, do GADECAMP

“O Sérgio veio da escolinha de esportes, passou para o ‘Magic Junior’, que é equipe de transição da escolinha e já voltada ao treinamento mais específico para o basquetebol. Depois, passou para o ‘Magic Wheels’, que é uma equipe de desenvolvimento. Esse ano entrou na equipe principal”, explicou o técnico da equipe Magic Wheels, Marcos Vitor Souza.

E no confronto deste sábado, pelo lado da GADECAMP estará um outro atleta convocado para a Seleção Sub-23, fruto do trabalho de desenvolvimento da equipe de Campinas. Michael Braga, de 20 anos, e que há dez faz parte do projeto.

Formando Atletas

Além do GADECAMP e do ADD/Magic Hands, outras equipes de grande destaque quando o assunto é formação de atletas são o Clube Amigos dos Deficientes – CAD, de São José do Rio Preto (SP), e a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos – ANDEF, de Niterói (RJ)

Referência no interior paulista, o CAD oferece diversas modalidades paradesportivas, como atletismo, natação, ciclismo e bocha, além de outras atividades voltadas a qualidade de vida para pessoas com deficiência.

Deste trabalho surgiu o atleta de basquete em cadeira de rodas Eduardo “Feijão”, de 24 anos, e que desde os 15 faz parte do CAD. O jogador tem no currículo convocações para a Seleção Brasileira Adulta e participações no Campeonato Sul-Americano e na Copa América, disputada em junho de 2022, em São Paulo.

Feijão, do CAD, e Serginho, do ADD/Magic Hands

“A gente tem muitas atividades desenvolvidas na entidade. E, automaticamente, quando aparecem crianças elas são direcionadas. Dentro disso veio o Eduardo. Ele apareceu aqui com 15 anos e começou a treinar conosco, foi se desenvolvendo. Sabíamos que ele poderia ser um grande atleta”, contou Paulo César Jatobá, fundador do CAD. “Nosso trabalho é esse: gerar oportunidades para as pessoas dentro das atividades da associação”, completou.

Feijão, do CAD, e Serginho, do ADD/Magic Hands, estiveram frente a frente no último sábado (20), quando suas equipes se enfrentaram na quadra do clube Esperia, pelo Campeonato Paulista. Serginho levou a melhor, com a vitória da equipe da capital sobre o time do interior, por 71 a 62.

Felipe da Silva a serviço da Seleção Sub-23

Já a ANDEF, que desenvolve projetos voltados não só ao esporte, mas também à cultura, reabilitação e inclusão social, quem se destaca é o atleta Felipe da Silva, de 23 anos. Ele chegou à entidade para reabilitação há quase cinco anos, após sofrer um acidente. No local, conheceu primeiro o grupo de dança em cadeira de rodas, mas se apaixonou pelo esporte e logo migrou para o basquetebol.

Felipe também está entre os convocados para a disputa do Campeonato Mundial Sub-23, que será disputado em setembro, na Tailândia.

“O Felipe se interessou pela dança, mas ficou pouco tempo. Ai veio o basquetebol em cadeira de rodas. Ele foi gostando e se destacando. Hoje ele já viajou para várias cidades graças ao esporte. É um garoto novo, tem pouco tempo no basquete, mas está se destacando bastante. Ele é muito grato pelo trabalho na ANDEF e para a gente é um orgulho muito grande”, ressaltou Washington Mendes, presidente da ANDEF.